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protocolos contra a covid-19 nas escolas

Protocolos contra a covid-19 nas escolas

A volta do ensino presencial chega carregada de adaptações, é necessário reconfigurar espaços para garantir a segurança e minimizar a transmissão do novo corona vírus. São inúmeros os protocolos contra a COVID-19 nas escolas solicitados pela prefeitura de cada município e, tomando a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) como exemplo, são priorizadas as atividades ao ar livre e exigido o distanciamento de dois metros nas salas de aula.

Ao considerar o “Protocolo de Funcionamento para Creches, Escolas de Ensino Infantil, Fundamental e Médio” disponibilizado pela PBH e comparar com a realidade das escolas, sobretudo as da rede pública, ficam evidentes os desafios do retorno. Mesmo a regra base que é o distanciamento de no mínimo dois metros demanda a alta rotatividade em função do número de alunos que antes ocupava uma única sala de aula, tornando todas as operações complicadas.

De acordo com os protocolos do Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais e da PBH, acredita-se que muito mudará em termos de dinâmica e logística de atividades nesse período, enquanto o “Protocolo Sanitário de retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia da COVID-19” válido para o estado de MG foca na importância de sinalizar as medidas de segurança e como lidar com a possível infecção de alunos, a Prefeitura de Belo Horizonte apresenta diretrizes mais específicas sobre o gerenciamento do espaço físico: como sinalizar áreas comuns e pontos estratégicos sobre as medidas de segurança, demarcação no piso para situações de fila no refeitório e sinalização da capacidade máxima de pessoas por sala. Todas essas estratégias citadas configuram um caráter provisório. No entanto, a PBH também aponta a existência da proporção de 1 pia ou dispositivo higienizante para 15 alunos que ingressarem na escola no mesmo período, 1 vaso sanitário para cada 40 alunos matriculados e 1 vaso sanitário para cada 25 alunas matriculadas. Nesse sentido, verifica-se também a necessidade de verificar se  a infraestrutura existente atende à exigência ou necessitará de uma readequação estrutural mais permanente que as exigências de sinalização. Além disso, é importante pensar sobre o padrão dos espaços escolares, eles são pensados para garantir boas condições sanitárias e espaço de qualidade para as crianças ou são construídos de forma a abrigar o máximo de alunos possível em uma  área reduzida?

Adaptação e reforma são necessidades atuais demandadas pelas escolas para viabilizar o retorno presencial das atividades escolares. Para atender os protocolos, pode ser necessária até mesmo a expansão do espaço físico ou reformas para readequação da infraestrutura existente.

Nesse sentido, é importante pensar para além do momento crítico e vislumbrar o que fica quando a pandemia nos deixar. A iluminação e a ventilação natural serão atributos considerados pelos pais na hora de escolher a instituição que os filhos frequentarão? Fato é que boa ventilação e iluminação naturais, salas espaçosas, infraestrutura para brincar e estudar ao ar livre serão atributos ainda mais pertinentes para a criação de ambientes agradáveis e saudáveis.

Outro ponto importante diz respeito ao tamanho da sala de aula, além do afastamento mínimo o manual de protocolos contra a covid-19 nas escolas da PBH incentiva que lanches individuais e brincadeiras ocorram na própria sala de aula durante a pandemia para evitar contato entre turmas diferentes. Entretanto, para que essas atividades sejam feitas de maneira dinâmica e confortável as salas precisam ter dimensões generosas o que não corresponde a realidade da maioria das escolas que foram concebidas a partir das exigências de áreas mínimas.

Diante desse cenário, a sala de aula tradicional passará a comportar uma  diversidade maior de atividades. Será essa uma tendência que se manterá? Diversas experiências didáticas no mundo já apontaram os benefícios de sala de aula ampla para os processos de aprendizagem infantil, como por exemplo as escolas da rede Reggio Children na Itália, que valorizam salas de aula grandes para que possam ser apropriadas, transformadas, adaptadas no dia a dia para abarcar uma diversidade de atividades e posturas que vão além da abordagem mais antiquada de mesas e cadeiras individuais enfileiradas. Esse é um modelo que acreditamos e adotamos nos projetos de arquitetura escolar.

Certamente um grande marco como a pandemia da COVID-19 já tem impactos evidentes nos espaços, comportamentos e hábitos cotidianos. Se antes parecia distante um ensino e trabalho 100% remotos, a adesão ao mundo virtual se tornou inevitável para manter inúmeras atividades e mesmo interações sociais. O ensino híbrido – parte presencial e parte online – já é considerado como uma proposta permanente mesmo após o fim da pandemia e isso certamente vai repercutir em novas demanda para os projetos de espaços de aprendizagem. As Escolas precisarão se reinventar, o que mais você acredita que será diferente?

Referência:

https://prefeitura.pbh.gov.br/educacao/funcionamento-das-escolas <acesso em 15/07/2021>

texto escrito por Gabriel Castro e Joyce Lemos