O Ateliê de Cerâmica está localizado na região metropolitana de Belo Horizonte e se dedica a produção de objetos cerâmicos, entre produtos utilitários e peças decorativas. O espaço existe desde 2002 mas em 2014 realizou-se a primeira fase de um projeto de ampliação e reforma, com a concretização de uma segunda intervenção em 2017.
O projeto de arquitetura foi elaborado pelo Arquiteto Gabriel Castro (MOBIO Arquitetura) juntamente com os ceramistas do espaço que também possuem formação em Arquitetura e design : Luiza Soares, Daniel Romeiro e Flávia Soares.
O programa de necessidades da primeira fase do projeto inclui uma reorganização espacial geral reformulando fluxos de acesso e ocupação da área externa, a criação de um café, ampliação do espaço de loja e cozinha, além da construção de um anexo multiuso para atender atividades variadas.
A edificação existente passou por diversas intervenções, como a abertura de uma porta ampla na fachada principal criando um acesso direto para a rua mais convidativo; as paredes de alvenaria das fachadas laterais foram deslocadas para ampliação da loja e da cozinha. Conectado a fachada posterior da edificação existente foi construído o anexo multiuso para atender as diversas atividades contempladas; montagens especiais para apoio à loja, exposições temporárias, pequenos eventos e aulas de yoga fora do horário comercial.
O anexo foi construído em estrutura metálica com fechamentos em vidro e telha termoacústica com forro de madeira pinus. Foram usadas vedações transparentes para integrá-lo à vegetação circundante e portas de correr que permitem abertura completa para o jardim suspenso.
O pergolado da área externa é um ponto central do conjunto, um agradável espaço ao ar livre com uma mesa coletiva sombreada pelo jardim suspenso.
O paisagismo, considerado um dos pontos centrais do projeto, contempla, junto ao acervo de variadas espécies de orquídeas, tilânsias e folhagens, exemplares cultivados a mais de 20 anos. Além disso, ganham destaque plantas simples, em desuso e marginalizadas, como por exemplo a taioba (Xanthosoma sagittifolium), uma hortaliça pouco explorada comercialmente com folhagens robustas, o dinheiro-em-penca (Pilea nummulariifoliabrota) utilizado como forração para o talude que divide a edificação em dois níveis, e a trapoeraba-roxa (Tradescantia pallida purpurea) que brota entre os vãos de uma escada de cimento queimado, logo na entrada.
Na varanda de telha cerâmica existente que fica adjacente ao jardim suspenso foi instalado um café para atender os clientes que podem experimentar as peças d’O ateliê em uso. Aos sábados essa experiência é ampliada com o acontecimento de um Brunch.
A segunda intervenção que aconteceu em 2017 focou no espaço de produção que fica na parte mais alta do lote. A cobertura antiga foi demolida e deu lugar a uma nova edificação de montagem rápida e tipologia industrial que ampliou os espaços e otimizou as dinâmicas de produção.
Nessa porção do lote há um desnível de 55cm entre dois patamares em função do arrimo de contenção. Essa diferença foi mantida e tirou-se proveito a fim de setorizar as etapas de produção da cerâmica artesanal, realizada pelos próprios ceramistas. No patamar superior foram distribuídas a área de modelagem à mão, esmaltação, pias e armários; enquanto no patamar inferior foram organizados os fornos para as etapas de queima da cerâmica com sistema de exaustão do ar quente, área dedicada a acabamento das peças e espaço para modelagem com torno. Os vestiários originais adjacentes a nova edificação assim como os abrigos dos habitantes felinos foram mantidos, com a criação de um lavabo aberto na transição entre eles.